Filha de Capitu
quinta-feira, 16 de abril de 2020
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020
Eu sou uma estrela que brilhava entre a escuridão, mas que se apagou porque o brilho nao fazia mais tanto sentido.
Eu sou a árvore que floresce na primavera, mas tem as suas folhas cortadas no final da estação.
Eu sou aquele livro na sua prateleira que você passa por ele toda manhã, mas não tem tempo nem de ler o título.
Eu sou aquela comida que você nunca teve coragem de provar.
Eu sou a falta de palavras
Eu sou a poesia incompleta desde quando parei de me importar comigo mesma.
Eu sou um eterno infinito de incompletos que ja não me machucam.
Eu sou o medo do escuro
O grito no silêncio
O fio de luz na escuridão
Sou aquilo que me apriosiona desde quando parti e não disse adeus.
Eu sou a tentativa de escrever sobre o que me rasga o peito, mas agora, eu sou uma caneta sem tinta.
terça-feira, 28 de janeiro de 2020
Confiança
Mamãe sempre soube, eu sei disso. Talvez seja por isso que eu me senti tão culpada quando a diabetes a transformou em uma velhinha indefesa, esse foi o ápice da minha tristeza.
O fato não é a diabetes nem o doce. O fato é a confiança. Mamãe dizia que confiava em mim e na vovó e fingia tão bem quanto eu. Confiava ao ponto de deixar que o doce acabasse um pouco com ela só pra ela se sentir melhor. Confiava tanto que nem confiava na verdade. Eu nunca entendi. Nunca entendi o porque disso.
Dia desses eu perguntei pra minha mãe se ela realmente confiava em determinada pessoa e ela disse, "filha, a confiança é algo que nem sempre existe". Nunca confiei na minha mãe. A primeira vez que cheguei de porre em casa ela perguntou se eu estava bem, eu disse que sim e ela voltou a dormir, mas ela sabia que eu não chegaria sóbria naquela madrugada.
A palavra confiança vem do Latim, CONFIDENTIA, “confiança”, de CONFIDERE, “acreditar plenamente, com firmeza”, formada por COM, intensificativo, mais FIDERE, “acreditar, crer”, que deriva de FIDES, “fé”
verbo intransitivo
Ter confiança.
Ter fé, ter esperança.
Acreditar.
Sempre quis exercer o -simples- ato de confiar e comecei por mim, nos últimos tempos estive tão confiante em mim mesma que não lembrei que atuava tão bem quanto minha mãe quando dizia que confiava em mim.
A minha segunda crise de ansiedade em um ano diz muito sobre a confiança, ou melhor dizendo, a falta dela.
Talvez a culpa seja minha
Em algum momento eu confiei demais, e expus uma parte sensível de mim para alguém que não soube respeitar a beleza disso. Doeu tanto que eu nunca mais deixei ninguém chegar perto dali.
Mas a cura da ferida que me faz enxergar todo mundo como um possível aproveitador é justamente ter um contato próximo, real e honesto com alguém - bem o que a desconfiança impede que aconteça.
Resta o esforço de aprender a baixar a guarda novamente, um pouquinho por dia. Se é possível voltar a acreditar em água fria depois de ter sido escaldada?
Desconfio que sim.
Escrevendo esse texto agora, digo pra você que eu entendo esse lance de confiança, apesar de nem sempre ela existir, -talvez- não possamos realmente viver sem deposita-la, e é melhor assim, de tanto falar que ela -talvez- nao exista, a gente absorve a ideia e uma hora, mesmo que de mentira, acabamos confiando.
É assim que é,
e é assim que tem sido.
domingo, 13 de agosto de 2017
A Igreja de Menino Deus Como a Materialização da Fé no Município de Itatira-CE.
Parte 1
Esse texto procura refletir sobre uma questão do universo religioso do município de Itatira que é tida como sagrada pelos populares pertencentes a igreja católica. A igreja de Menino Deus além de um lugar de manifestações religiosas, representa nesses 147 anos de história a demarcação de um tempo coletivo e a construção de uma identidade para o município de Itatira.
No ano de 1870 em um povoado com o nome de Belém próximo a serra da Mariana, foi fundada uma capela dedicada a Menino Deus e assim as primeiras manifestações de fé surgiram. Explicar a relação do povo Itatirense com Menino Deus transcende os limites da razão e da sabedoria, para entender é preciso ter fé, capacidade de desprendimento e doação, mas acima de tudo acreditar no milagre da vida, afinal para o povo de Itatira celebrar Menino Deus é um orgulho de sua religiosidade, é uma necessidade que alimenta a alma e que revive o passado mantendo viva a memória da população. Resgatar essa história nos permite conhecer de que forma se deu a fundação da inicialmente Belém nas margens dos rios Curú e Banabuiú.
A inicial convivência dos colonizadores desta terra, sem grandes interferências externas deu origem a uma cultura única e peculiar e com ritmo próprio seus habitantes vindos dos mais diversos lugares, com diferentes trajetórias, construíram um modo de sobrevivência nesse espaço e esse quadro inseriu Menino Deus como referência no processo de evolução desta terra que foi fundada na base do saber popular, da cultura e da religiosidade.
sábado, 4 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
Vai ser a mesma coisa. O barulho dos fogos de artifício, cores bonitas no céu, como se isso fizesse o mundo mais bonito. E vão ser todas aquelas pessoas vestidas de branco, como se isso fosse trazer paz para alguma delas. E vai ser a mesma ilusão de que vai ser diferente, que os problemas e as mágoas vão ficar para trás, quando na verdade nós carregamos todos eles em nossa mente. E vai ter uma oração nos primeiros minutos, quando na verdade durante o ano inteiro passamos vários dias sem fé alguma. E terão abraços e sorrisos, ligações e mensagens, quando na verdade passamos o ano inteiro presos em nosso egoísmo e falta de tempo, sem ao menos dizer eu te amo para as pessoas que sao importantes pra nós. Ficamos focados no último dia, e acabamos perdendo todos os outros.